terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ninguém nos avisou que isto seria assim

Estava hoje a ver uma reportagem na rtp sobre licenciados desempregados, quando comecei a sentir um arrepio pela espinha acima.
Desculpem o termo, mas que merda de país é este? Temos um primeiro ministro que apresenta uma mensagem de natal, que só com uma dose de lsd se consegue levar a sério.Um presidente da república que afirma que um gajo tem que nascer duas vezes para ser tão honesto como ele.
E no meio disto a minha geração que está agora na casa dos 30 está de rastos. E de caminho a do meu irmão, na casa dos 20. Fomos enganados durante uma vida inteira. Primeiro no sistema escolar. Em particular na faculdade para onde nos atirámos de cabeça, a marrar para garantir um (suposto) futuro em condições. Grande azar hã?
Não correu bem como se esperava. Até chegar à situação relativamente confortável que hoje tenho, passei por coisas jeitosas. Currículos enviados às centenas. Recibos verdes.Entrevistas para vender enciclopédias de porta em porta.
Bem lixados fomos. E cá vamos andando, a pagar alegremente reformas de luxo a palhaços (que não merecem outro nome) ex-ministros e actuais administradores de empresas públicas que me dizem que me tenho que esforçar mais. Que temos todos que vergar a mola, com cada vez menos direitos laborais para pagar a cota mensal destes proxenetas sociais.
Este regabofe não é de agora. O governo actual é a cereja em cima do bolo.
Já vem do tempo do impoluto presidente da república, quando passou por belém. Dinheiro estoirado a rodos, o país vendido a pataco. Ficámos sem aparelho produtivo nenhum.
Tudo entregue a empresas de trabalho temporário, geridas por engenheiros (são sempre desta formação académica os gestores neste país.Nunca percebi.Uma fórmula matemática deve ser igual a uma pessoa.Só pode.), que rebentam com toda a dignidade possível a troco de 400/500 euros mensais.
Por mais anos que viva nunca, mas nunca vou poder perdoar a quem lixou uma geração inteira. São milhares de pessoas a viver a prazo, sem esperança e sem futuro aparente. Com sonhos hipotecados.
É digno de um terceiro mundo.
Malditos sejam...



P.S: Lanço aqui um convite já para as próximas eleições presidenciais. Não se abstenham.Mas votem em branco, massivamente. Era giro ver acto eleitoral após acto eleitoral com taxas de votos em branco elevadas. Constitucionalmente era interessante ver estes gajos arranjarem justificação para elegerem quem quer que fosse.

1 comentário:

Precis Almana disse...

Uma pequena correcção sobre o desemprego dos licenciados: há muitos licenciados no desemprego porque há muito desemprego e há mais licenciados do que no tempo em que eu me licenciei, por exemplo. Essa ponderação tem sempre de ser feita e nem sempre é (os jornalistas adoram não raciocinar minimamente, acham que assim apresentam a notícia como ela é). É como dizer que agora emigram licenciados enquanto nos anos 1960 emigravam os outros. Pois se antes não havia proporcionalmente os mesmos licenciados na população portuguesa que hoje (que há muito mais), não podiam também emigrar, certo?
Os cursos superiores são sempre importantes. Mas também é verdade que há mais vias (técnicas e tecnológicas) que - normalmente os pais dos estudantes - tendem a esquecer. Só que nos cursos ficas habilitado a ser mais do que caixa em supermercado; e se não tiveres, só és caixa de supermercado.
Outra coisa: há muita maltinha que é desempregada porque espera por "alguma coisa na minha área" e deixa-se estar. Tem de se atirar a fazer qualquer coisa, ampliar redes de contactos, etc. Eu trabalhei a contar pessoas no metro, numa casinha de comida, nos censos a bater às portas, em tudo o que me foi aparecendo sem me envergonhar. E continuarei se for preciso. Mas, felizmente, nos últimos tempos tenho conseguido fazer alguma coisa de diferente de ser caixa de supermercado. Porque tenho formação (por acaso superior, mas poderia ser outra).
Desculpa comentário tão longo e um bocadinho desordenado ;-)