"Em primeiro lugar, o cérebro jovem não deverá ser sobrecarregado com temas que, em noventa e cinco por cento das vezes, não terão utilização prática (...)"
Para quem se esteja a perguntar pelo autor da frase acima, começo por referir que a mesma não veio em nenhum jornal recente, nem em nenhum blogue, nem foi proferida na televisão.
O excerto em causa foi publicado em 1926, escrito por um tal Adolf Hitler. Sim, o do bigodinho castiço, no mein kampf.
Tenho um fascínio com o período histórico que vai de 1933 até 1945 que não vos passa pela ideia. Comecei como muita gente, acho eu. Os nazis dão uns vilões janotas em cinema. É só ver o Indiana Jones que se percebe o potencial da coisa.
Mas depois veio a curiosidade em tentar perceber quem era aquela gente, como diabo é que uma criatura com ar ridículo arrasta um país inteiro, provoca uma guerra e de caminho lixa milhões de pessoas.
Vai daí, comecei a comprar sem me aperceber livros em barda sobre a 2ª Guerra Mundial. Sobre o curso da mesma e o que esteve na origem do nazismo. Surpresa das surpresas, desemprego em barda, fome, falta de esperança.
Li uma biografia do Hitler de quase 800 páginas e devo dizer caros amigos que fiquei na mesma. Não consegui conhecer a criatura. E isso é assutador.
Ontem, lá arranjei coragem e comprei o mein kampf. Já agora queria perceber do ponto de vista lógico, o que estava dentro daquela cabeça. Do pouco que li até agora, devo confessar que parecem os delírios de um louco. Mal escrito, com contradições de parágrafo em parágrafo. A atacar tudo e todos sem argumentos lógicos ou provas.
E volto a pensar que "isto", o que aconteceu nos anos 30 e 40 do século passado, já não pode voltar a acontecer. Porque crescemos enquanto comunidade. Temos a ONU e a União Europeia.
Mas depois lembro-me das limpezas étnicas na antiga Jugoslávia. E já existia ONU. Já existia uma "comunhão europeia".
Lembro-me da desconfiança com que agora todos nos olhamos na União Europeia.
Vêm-me à cabeça os atropelos mais básicos ao poder judicial e à liberdade de imprensa em Itália.
A maneira como se trata a educação como algo descartável, sem rumo aparente nos programas de ensino. Na apatia dos putos face ao que os rodeia.
O desemprego a subir constantemente, o desespero a voltar ao de cima.
E então sim, fico assustado.
terça-feira, 8 de junho de 2010
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4 comentários:
Ia comentar isto mas depois vi que iria deixar aqui um testamento. Vai daí, digo-te que gostei da foto de cima. Curiosamente fez-me lembrar Londres...
Mas podes deixar testamentos se quiseres.Gosto sempre de saber a tua opinião :)
Eram coisas soltas, do tipo que há doenças que se revelam em adulto, como a esquizofrenia e a bipolaridade que podem ajudar muita coisa em relação ao Hitler (nunca o desculpando)
Que de tudo o que temos de mau hoje em dia, nada ultrapassa a tristeza e a desgraça que é uma guerra, e o quanto temos sido poupados
Que o "facilitismo" a que se atribui algumas das medidas da educação - como não chumbarem até à 4ª classe, por exemplo - se deve a estudos feitos que comprovam que as repetências não levam a que as crianças aprendam mais, vão é desmotivá-las e fazê-las abandonar a escola, e que é importante que tenho a escolaridade mínima para poderem pelo menos vir a exercer profissões para que sejam capazes, porque quem não é de todo capaz escolarmente também vai acabar por desistir da escola, mas pelo menos não fica a meio da escolaridade obrigatória e diminui de facto o analfabetismo e aumenta a obtenção de um grau - e faz os países equipararem-se. E este tipo de visão não é a que tu vês espelhada na comunicação social porque o jornalismo gosta de "sangue" e de desinformação, em vez de informar.
Etc., etc.
Mas este tipo de coisas fica mais inteligível de falar ao vivo do que aqui...
É pá, combina-se já um café ou um jantar :)
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