segunda-feira, 1 de março de 2010

Para quem leu o textozinho abaixo...

Ok, quem leu a minha crítica ao "Shutter Island" deve ficar a pensar:
"Este gajo tem presunção a escorrer pelas orelhas, a citar à parva e sem nexo..."
A minha relação com o cinema passa por um sentimento muito simples, que passo a resumir. Não deve haver actividade humana que me dê tanto gosto. Em vez de andarem zangados pelos pastorinhos não serem santos, criem um Paraíso só para os Lumiere e encharquem os gajos em ambrósia.
Fiz a "educação" cinematográfica que praticamente toda a gente da minha idade deve ter feito. Papei os Disney todos (dobrados em brasileiro que era um mimo), os estrunfes, isso tudo. Todos os domingos de manhã, o meu avô me levava a ver a sessão infantil ao "Cine Plaza". Quem passou a infância onde eu passei nos anos 80 sabe onde é, os outro deixem estar que um suburbio é igual a outro.
O click não foi feito por aí apesar de tudo. Tinha eu para aí oito ou nove anos, uma noite deu-me a espertina. Vai de andar às voltas na cama, de brincar com os carrinhos (que não teve graça nenhuma, experimentem simular choques em cadeia às escuras...)e sono nada.
Levantei-me muito devagarinho, fui até à sala e sem som para não acordar os meus avós, aparece-me à frente o "Frankenstein" do James Whale.
A minha cabeça - que nunca foi normal - rebentou.
Eram as sombras, a tempestade, o Boris Karloff a arrastar-se, os líquidos a borbulhar em frascos.
Acho que de repente descobri o que era viver. Ao ver um filme.
E foi amor que nunca me deixou. Vejo tudo, de um Bergman até ao Michael Bay. Há coisas que gosto e outras também não. De um e de outro dos exemplos que dei.
Por isso acreditem, não é presunção quando vou buscar aquilo tudo quando falo de cinema. É o mesmo príncipio de dois putos a brincar: se gostas deste carrinho, anda ver este que acende luzinhas e abre as portas.

P.S: E sim Pai, sei que tens razão e o Conservatório provavelmente não levava a nada, mas olha que o curso que tirei, vai lá vai...

1 comentário:

I. disse...

Cala-te! Cala-te! O tê pai estava carregadinho de razão! Um santo homem! Hoje és Doutor, e não um subsidio-dependente qualquer!Ou ainda temos artistas? Hum? Juizinho, mazé, atenção ao trabalhinho, a ver se chegas a chefe :D
(isso é que eu gostava de ver. era de chorar a rir, se não levasses a chafarica à implosão pura e simples...)