domingo, 28 de fevereiro de 2010
Shutter Island
"Shutter"
–Noun
1.a solid or louvered movable cover for a window.
2.a movable cover, slide, etc., for an opening.
3.a person or thing that shuts.
4.Photography. a mechanical device for opening and closing the aperture of a camera lens to expose film or the like.
–Verb (used with object)
5.to close or provide with shutters: She shuttered the windows.
6.to close (a store or business operations) for the day or permanently.
–Verb (used without object)
7.to close or close down: The factory has shuttered temporarily
Desde já vou afastar quaisquer dúvidas:
"Shutter Island" não é um grande filme. Nem sequer é um filme mediano. E não estou a falar por comparação com a obra anterior de Martin Scorsese. Estou a falar de Cinema em geral.
Este filme é, basicamente uma lição de cinema dada por um Mestre da 7ª Arte.
Scorsese, longe do brilhantismo pessoal de "Taxi Driver", "Raging Bull" ou de um "Casino" (para mim o último clássico do cineasta), demonstra através deste filme o profundo amor e conhecimento que tem pelo passado e técnicas da cinematografia.
Desde logo - e impresso na estrutura da história - o Expressionismo Alemão, convocando o "Gabinete do Dr.Caligari" do Robert Wiene, Mito fundador desta estética.
Mas não só o tecido dramático (não quero estragar a experiência de quem ainda não viu os dois filmes em referência, por isso não adianto mais sobre este ponto) acompanha este movimento este filme fundador de todo um movimento artístico. Os planos de camera fechados, subjectivos e reveladores da psicologia profunda da personagem, simbolo e significado de si própria e da sua relação com o Mundo.
O Mundo só existe enquanto percepção, onírica muitas vezes, do personagem. Não existe por si só. Se existe algo em cinema que concretize tão bem a "Caverna" de Platão como o Expressionismo Alemão desconheço...
Mas não me vou dispersar para além do Cinema. Veja-se as imagens abaixo que de alguma forma justificam o exposto:
(Gabinete do Dr. Caligari)
(Shutter Island)
Ainda dentro do domínio da fotografia, os contra-plongés, típicos do cinema de gangster série B dos finais dos anos 40 e 50, são largamente citados. Compare-se com o magnífico " O Arrenpendido" com Robert Mitchum.
Tematicamente, surge à memória "A Casa Encantada" de Hitchcock (e não será o personagem de Mark Ruffalo um reverso do psiquiatra protagonizado por Gregory Peck neste último filme?).
A violência repentina e teatralizada de um Bava ou de um Argento.
São ainda colhidos os "Sapatos Vermelhos" do Powell e Pressuburger - magnífico plano dos sapatos da filha de DeCaprio, enquanto esta subsiste, planando num relvado que contrasta com o corpo inanimado - bem como o "Feiticeiro de Oz", através da ideia da viagem tendo como destino um sábio que tudo revele. Nesta comparação, a constante tempestade que assola "Shutter Island" e que conduz ao ponto final, não anda longe do furação que leva à terra de Oz.
Em resumo, e conforme a própria definição em inglês da palavra "Shutter", o filme de Scorsese é como uma cortina que se afasta, revelando por detrás os segredos de si próprio, bem como quase noventa anos de Arte que tem por base.
É, em última análise a Realidade controlada e vista por uma camera. O cinema em estado puro.
O dicionário não costuma enganar.
Créditos:
Realização: Martin Scorsese
Produção: Mike Medavoy
Arnold Messer
Argumento: Laeta Kalogridis baseado num romance de Dennis Lehane
Fotografia: Robert Richardson
Montagem: Thelma Schoonmaker
Intérpretes:
Leonardo DiCaprio ... Teddy Daniels
Mark Ruffalo ... Chuck Aule
Ben Kingsley ... Dr. Cawley
Max von Sydow ... Dr. Naehring
Michelle Williams ... Dolores
Emily Mortimer ... Rachel 1
Patricia Clarkson ... Rachel 2
Jackie Earle Haley ... George Noyce
Ted Levine ... Warden
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1 comentário:
Não fosse o arroz de lulas, ainda agora estavas a amargar por gostares de um filme que eu achei fraquinho, fraquinho.
(vendo-me por comida. adeus, integridade. chuif)
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