quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Então é assim...

Ok, já lá vão dois dias que soube do facto e continuo a tentar digerir a notícia como sempre faço. Com tempo e completamente banzado. Mais um membro do meu estimado grupo de amigos-vocês sabem como têm um lugar cativo no meu coração-vai ser mãe.
Não, não tenho inveja do facto.Pelo contrário fico extraordinariamente feliz com isso. Porque é aquilo que as pessoas querem naquela fase da sua vida e isso respeito e apoio acima de tudo. E por gostar delas, lá se há-de arranjar mais um quartinho neste hotel que é o meu coração para o rebento que aí vem.
A verdade é que a paternidade ou a maternidade de quem me rodeia e estimo me assusta imenso. Porque me faz sentir velho. Porque começo a reparar mais nos meus cabelos brancos. Enfim, porque já foi no século passado que me sentava ao colo do meu avô a ver as "Misteriosas Cidades do Ouro".
A infância e a tolerância para a mesma por parte do Mundo é agora para outros.Não para mim.
É o pesadelo de ser neurótico e arrastar o complexo de Peter Pan. Não queremos crescer, nem pela lei da bala. Queria (quero?) que de alguma forma tudo ficasse na mesma. Que de alguma forma não houvesse a necessidade de crescer e termos filhos que nos venham a substituir. Que amanhã fosse domingo e a volta de bicicleta com o meu avô à espera, sentado a ouvir a Renascença, estivesse ao virar da esquina. Como algo belo conservado em âmbar.
É uma forma de possessão carinhosa, acreditem...
Nunca quis, não quero e não pretendo ser pai. Já o fui de alguma forma no passado, pela força das circunstâncias. Correu bem, modéstia à parte. A pessoa em questão (não interessa dizer o nome, no fundo ela sabe quem é), fez-se um belo Ser Humano que muito me orgulha e enche de Amor. Mas foi cedo demais,não foi escolhido e o passado deixou-me cheio de desconfiança quanto a essa nobre instituição que é a Família. Qualquer dia pode ser que conte aqui alguma coisa.
E depois, tenho medo de morrer. E os filhos são eles próprios, não constituem a nossa persistência por interposta pessoa. E lamento o choque das palavras, mas quero ser eu a viver para sempre. Não o que escrevo ou deixo cá, mas serem os meus olhos a verem, os meus dedos a tocarem, a minha gargalhada a tinir na minha cabeça.
Então é por isso que reajo com um misto de alegria e desconfiança. Mais um adulto que me rodeia, com a papelada devidamente carimbada para o provar.
A sério um grande beijinho para ti amiga. Prometo que entretanto respondo à tua mensagem.
Só peço ao próximo ou à próxima que me dê uma notícia destas com um saco de gomas. Daquelas com a forma de tubarões. Nós os miúdos temos estas especificidades.

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