Estava agora no pátio de casa, de livro em punho, quando comecei a ouvir num prédio próximo do meu, um casal a discutir vigorosamente.
Quem me conhece, sabe que abomino violência.A sério, apesar de ferver em pouca água, é da boca para fora o que digo muitas vezes.
Dito isto, por um estranho mecanismo de memória, surgiu-me na cabeça a imagem de um antigo colega da primária que se suicidou. Se isto já de si é mau (ainda tenho fotografias de grupo onde ele figura), somem a isto o facto de o mesmo ter deixado na carta de despedida, um pedido de desculpa à minha pessoa, a par de mais duas ou três pessoas que se cruzaram com ele em vida...
Nenhuma delas família directa.
Para que conste, desde que passei para a preparatória, que lhe perdi o rasto. Para mais, o fulano era o "bully" da escola, e levei algumas sovas do personagem. E não era meigo o gajo.
Assim sendo, e desde que descobri isto vai para uns cinco anos, que me pergunto o que levou este tipo a lembrar-se de mim naquele momento. Enquanto aguardava a overdose propositada, sozinho num casebre de subúrbios.
Acho que nunca vou saber. Mas não deixo de sentir...respeito pelo sofrimento por que passou.
E por razões que não consigo explicar, carrego em mim um sentimento de dever para com o pedido de desculpa que me fez. Soa-me na memória como um alerta para que seja melhor pessoa. Como um contrato para a vida.
Mas enfim, lá continuo a fumar, não como os legumes e praguejo de quando em vez...
É só isto que vos queria dizer...
domingo, 18 de julho de 2010
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2 comentários:
De vez em quando apetece desabafar, não é?
o teu comentário fez-me sorrir :)
Faz falta de vez em quando, fazermos "contas de memória"
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