É o fim dos tempos meus amigos

1)Estava hoje de manhã no café, quando ouvi duas senhoras a comentarem entre si, a profunda falta de respeito por parte da Segurança Social em lhes pedir extractos bancários.
Minhas amigas, a bolha rebentou ok?
O estado social está nas lonas por duas grandes razões:
-As pessoas começaram a viver mais tempo, donde maior período de reformas e cuidados de saúde;

-Aumento generalizado e diversificação de apoios sociais;


Quanto à primeira, não há nada a fazer.Nunca se pensou, nem aqui nem nos países nórdicos que o sistema fosse abaixo por isso. Estava implementado um sistema de vasos comunicantes (entre quem paga e quem usufrui)que descambou.As pessoas passaram a viver mais tempo.Ponto.


O grande problema estará no segundo. Sou de esquerda, daí não ter grandes dúvidas quanto à necessidade da existência desses apoios. Seja desemprego, seja (eventualmente) estruturas como o rendimento social de inserção.
O que está mal, é o facto de nunca ter existido uma rigorosa política de acompanhamento desses apoios. Pelo que muita gente que os recebe, não deveria em situações normais ter direito aos mesmos.

Cada vez existe menos gente a descontar de forma contínua.Felizmente (ou infelizmente) a minha casa é hoje uma excepção à regra. Ambos temos empregos razoavelmente seguros. Assim, uma fatia cada vez menor da população suporta uma fatia cada vez maior. Além de não funcionar a curto prazo, é socialmente injusto e imoral.
A praga dos contratos a prazo e dos falsos recibos verdes não contribui em nada para a criação de emprego e consequentemente da economia.
Menor período de descontos,ou inexistência dos mesmos, equivale a ausência de protecção social por um lado, e por outro não dinamiza quer a produção, quer o consumo.
Donde não se produz, mais contratos a prazo, e o círculo continua alegremente.
E quem tem trabalho seguro vai obviamente reduzir o consumo.Porque não sabe o amanhã.

2)Na faculdade, nas cadeiras de economia, houve um gajo que gostei profundamente de estudar. O Keynes.
Concordo em absoluto com a ideia de o estado ser motor inicial da economia. O que esta gente nunca percebeu em portugal, é que o investimento público deverá ser feito em estruturas que permitam embalo aos privados, que não sejam auto suficientes. Quero dizer, uma auto estrada, ou um aeroporto esgotam-se neles mesmos.Não geram por si só um impulso económico constante.
Por outro lado, incidem sempre sobre o mesmo tecido produtivo, a construção.Cria desigualdades produtivas, e gera emprego de curto prazo.
Parabéns a 20 anos de governos em portugal.Temos auto estradas que não levam a lado nenhum, só ao despesismo e ao desespero.


3) É ofensivo vir um deputado a público dizer que não tem dinheiro para comer. A res publica é um dever que se assume, não é um tacho.Comecem a ler os clássicos gregos e aprendam um bocadinho antes de falar. É indescritível ter gajos destes a representarem o povo eleitor.Andam no mínimo a pedir pedradas na rua.


4) Caso não tenham reparado, lá fora as coisas não estão melhores.Os países tradicionalmente conservadores como a frança, a alemanha, a austria e ficções históricas como a bélgica, estão todos a virar alegremente à direita. Daí até ao proteccionismo económico (que vai dinamitar por inteiro a economia dentro da UE), vai um passo.
Daqui a uns tempitos, manuel alegre pode ficar descansado. Não vai haver estrutura externa a quem mostrar o orçamento.
O hitler falhou a tomada do poder em 1923, porque realizou uma revolta armada.Uma temporada na choldra fê-lo perceber que o povo é sempre de confiar nestas coisas.
Acham que estes países vão ter pachorra para nos aturar mais tempo?Um país cuja administração pública, gastou num ano 3 milhões de euros em festarolas?
Basicamente, será (é) uma espécie de "guerra pacífica".Com base em dinheiro.
Não vai haver ajudinhas.Quem não se aguentar ecomomicamente, vai por água abaixo.
O tempo acabou. Com a euribor a subir (o que levará ao aumento do valor do euro face a demais moedas internacionais), portugal está definitivamente lixado.
Vai ser um pedinte, de mão estendida. Com o passos coelho à frente do trágico psd, não admira que sócrates faça sem qualquer pudor chatagem para a aprovação do orçamento.O melhor que lhe podia acontecer, era o fmi pela porta adentro.