terça-feira, 7 de setembro de 2010

Há dias assim

Não sei porque, hoje veio-me à ideia o dia em que fiz dezoito anos(assim por extenso).
Ocasião em que oficialmente, passamos a ser adultos perante os outros.
A verdade é que não guardo grandes recordações da minha infância e adolescência.
Sempre me senti um bocadinho deslocado do que me rodeava, com a sensação muitas vezes, de estar fora de mim mesmo. De ser uma folhita de celofane, ocupando pouco espaço para não ser notado.
Na adolescência, acho que abusei de muitas coisas, e prescindi em absoluto de outras.
Das que abusei, não tenho grande vergonha. Já tive,muita.
Agora (hoje?) já não.
Os exageros contribuiram para construir a pessoa que hoje sou. Com os defeitos que sei que tenho, e que, com um cinismo pragmático, muito me orgulho.
As eventuais virtudes, ficam para vossa consideração.
Quanto às que prescindi, tempus fugit.Paciência...
No dia em que fiz dezoito anos, levei o dia quase a trepar pelas paredes. A sentir que tinha desperdiçado a mítica idade inconsciente. Vi a "força delta" e a "fúria no bairro chinês".
E fartei-me de roer as unhas. De tentar fumar pela primeira vez, e até nisso falhar.
Uma merda absoluta portanto.
Adulto!? E o que se espera que faça agora?Que seja sério, maduro, formatado?
Lamento, mas ainda hoje não consigo. Por muito mal que me tenha corrido a infância,tenho mais respeito pelo sofrimento amoroso de um puto de dez anos, do que pela economia mundial. Desculpem o termo, mas que se foda a economia mundial.
Essa, há-de cá andar muito tempo depois de irmos embora. O amor aos dez anos, vai connosco.
Nesse dia, em que completei dezoito anos, mais do que em todos aqueles que o precederam, senti-me só.Não é "sentir-me sozinho". É ter um peso no peito, uma angústia que ainda agora, ao escrever, lembro perfeitamente.
Com um medo incrível de morrer.
Só queria,desejava, do fundo de mim mesmo, escrever o grande livro que o mundo esperava.
E estoirar os miolos a seguir, só para chatear. Paradoxal certo?
No dia em que me apanharem a ser coerente, deixo de ser eu...
A primeira vez que ouvi esta canção, senti que descrevia tão bem a solidão que sentia, que me arrepiou. Como muita coisa dos smith ou do lloyd cole por exemplo.
Escutei-a de seguida umas dez vezes, sem exagero.
Já sei porque me veio à cabeça tudo isto. Os leitores de mp3 não deviam ver com modo "random". É uma roleta russa sentimental.
Hoje só a ouvi cinco vezes. Para matar saudades.
Auf wiedersehen adolescência. Até ao dia em que voltar a ouvir qualquer coisa que acorde o monstro...

6 comentários:

Precis Almana disse...

Eles vêm cá, sabias?

Precis Almana disse...

Acho que vou querer ir ver. Também gosto muito desta. Fortes para caraças, fogo, que eles têm cada pontaria...
http://www.youtube.com/watch?v=geig9DCpucI

dumb witness disse...

descobri porque li na tua banquinha;) estou a pensar seriamente em ir ver.band of horses vêm cá em fevereiro.lindooooo.apesar de o último cd ser um nadinha calão.
os placebo têm letras fabulosas. é o que me atrai mais numa banda, os textos.a música vem a seguir, por estranho que pareça.

I. disse...

Ouch.

Olha que vocês têm pontaria, são duas músicas fortezinhas, hein?

dumb witness disse...

lol. pontaria não falta, é verdade;)Mas são bonitas, puxam ao sentimento, e deixam a malta a pensar.

Precis Almana disse...

Pois!
Não conheço a banda que dizes. Quanto aos Placebo, conheço pouco e gosto do que conheço. Eu primeiro gosto da música, depois é que vêm as letras... Mas pronto, vão das a alguns dos mesmos :-)